top of page

Como Bilionários Evitam Impostos — Sem Quebrar Nenhuma Lei

  • murainvest
  • 29 de out.
  • 6 min de leitura

Atualizado: 8 de nov.

Nos últimos anos, sempre que o assunto “desigualdade” aparece nas manchetes, surge também a proposta de taxar os bilionários. A ideia parece lógica: se uma pequena parcela da população detém uma fatia gigantesca da riqueza mundial, nada mais justo que eles contribuam mais, certo?

Mas o que muitos não percebem é que, na prática, isso é muito mais complicado do que parece. E não é porque eles “fogem dos impostos” — é porque eles não precisam fugir. O sistema já está desenhado de forma que os bilionários paguem proporcionalmente menos imposto que a classe média, e ainda dentro da lei.

Hoje, você vai entender como isso funciona, com exemplos práticos e estratégias reais usadas por quem está no topo da pirâmide econômica.

bilionário

1- O erro de pensar que bilionário ganha “salário”

A primeira confusão que muita gente faz é achar que o bilionário é alguém com um salário astronômico — tipo R$ 10 milhões por mês. Mas não é assim que funciona.

O salário é a forma mais ineficiente de receber dinheiro quando se fala em impostos. No Brasil, por exemplo, quem ganha um salário alto paga até 27,5% de Imposto de Renda, fora INSS e outras contribuições. Nos Estados Unidos, esse número chega a 37%, dependendo da faixa.

Bilionários quase nunca recebem salário. Eles preferem receber lucros, dividendos, juros sobre capital próprio, ou valorização patrimonial, que são tributados de forma muito mais leve (ou, em alguns casos, nem são tributados).

Exemplo: Jeff Bezos (Amazon) por muitos anos recebia um salário de cerca de US$ 81 mil por ano — algo totalmente simbólico. O verdadeiro dinheiro dele vinha do aumento no valor das ações da Amazon, que não gera imposto até ele vender.

Ou seja: o patrimônio cresce bilhões, mas nenhum centavo é tributado até o momento da venda.


2- A mágica do “patrimônio de papel”

A maior parte da riqueza dos bilionários não está em dinheiro, e sim em ativos — ações, imóveis, empresas, participações.

Enquanto o cidadão comum tem sua renda tributada todo mês, os bilionários só são tributados quando “realizam” o lucro, ou seja, quando vendem o ativo.

Mas eles raramente vendem. Eles fazem algo muito mais inteligente: pegam empréstimos com o próprio patrimônio como garantia.

Exemplo clássico: Um bilionário tem R$ 1 bilhão em ações. Em vez de vender e pagar imposto sobre ganho de capital, ele usa essas ações como garantia para tomar um empréstimo de, digamos, R$ 100 milhões. Com juros baixos e prazos longos, ele pode usar esse dinheiro como quiser — comprar jatos, iates, imóveis — sem gerar imposto de renda, porque empréstimo não é renda.

Essa estratégia é conhecida como “Buy, Borrow, Die” (Comprar, Tomar Emprestado e Morrer). O nome é bem direto — o bilionário compra ativos, pega empréstimos em cima deles e, quando morre, o patrimônio passa aos herdeiros com benefícios fiscais (falaremos disso adiante).


3- Fundos e holdings: o “escudo fiscal” preferido dos ricos

Enquanto o trabalhador comum paga imposto sobre cada real que ganha, o bilionário estrutura o patrimônio de forma inteligente e protegida.

Uma das formas mais usadas é a holding patrimonial.

A holding é uma empresa criada para centralizar o controle de outras empresas, imóveis e investimentos.Isso permite uma série de vantagens:

  • Reduzir o imposto sobre lucros e dividendos;

  • Organizar sucessão familiar sem inventário (que pode custar 20% do patrimônio em impostos e taxas);

  • Pagar menos ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação);

  • E, claro, manter tudo legalizado.

Exemplo brasileiro: Muitos empresários de grandes redes varejistas, incorporadoras ou indústrias estruturam suas fortunas em holdings familiares. Dessa forma, em vez de o lucro ir direto para a pessoa física (onde seria tributado), ele fica na pessoa jurídica, onde o imposto é bem menor.

Além disso, dentro de uma holding, é possível compensar prejuízos, planejar distribuição de lucros e otimizar a alíquota efetiva, muitas vezes reduzindo a carga tributária total para menos de 10%.


4- Fundos exclusivos: o “clube secreto” do 0,1%

Outro mecanismo muito utilizado pelos ultra ricos — especialmente no Brasil — são os fundos exclusivos de investimento.

São fundos criados para uma única pessoa ou família, com estrutura feita sob medida. Esses fundos permitem adiar o pagamento de impostos sobre os ganhos até o momento do resgate.

Na prática: Enquanto você paga 15% de IR semestral (come-cotas) sobre fundos comuns, o bilionário pode manter os ganhos dentro do fundo por anos, sem pagar nada até decidir sacar.

Durante esse tempo, o dinheiro rende sobre o total, sem as mordidas periódicas do imposto.O efeito dos juros compostos atua livremente — e o resultado é uma diferença gigantesca ao longo dos anos.

Essa é uma das razões pelas quais o Brasil tem poucos bilionários, mas todos muito bem assessorados.


5- Fundações e trusts: o escudo da eternidade

Nos EUA e em outros países desenvolvidos, é comum que bilionários criem fundações filantrópicas. Mas o que parece altruísmo puro também tem um lado fiscalmente inteligente.

Exemplo: Bill Gates e Warren Buffett doaram dezenas de bilhões de dólares à Fundação Gates. Esses valores saíram de seus patrimônios com incentivos fiscais, reduzindo o imposto sobre herança e sucessão.

As fundações podem manter o dinheiro investido, aplicar em projetos e gerar influência social e política — tudo de forma isenta ou com tributação simbólica.

Nos paraísos fiscais, o instrumento mais comum é o trust — uma entidade que “segura” o patrimônio para beneficiar os herdeiros ou causas definidas pelo fundador. O trust permite transferir riqueza sem pagar imposto imediato e preservar sigilo sobre quem é o dono real dos ativos.


6- A diferença entre “evasão” e “elisão”

É importante entender a diferença entre dois termos que parecem sinônimos, mas não são:

  • Evasão fiscal: é ilegal. Envolve esconder renda, falsificar informações ou usar paraísos fiscais de forma fraudulenta.

  • Elisão fiscal: é o planejamento tributário legítimo — o uso das brechas legais para pagar menos impostos dentro da lei.

O que bilionários e grandes corporações fazem é elisão, não evasão. Eles têm equipes de advogados, contadores e tributaristas especializados em desenhar estruturas complexas, mas perfeitamente legais, que reduzem a carga tributária ao mínimo possível.


7- Quando o sistema incentiva a desigualdade

O resultado de tudo isso é que os mais ricos pagam proporcionalmente menos impostos que a classe média.

Nos EUA: Um estudo da ProPublica mostrou que entre 2014 e 2018, Jeff Bezos, Elon Musk e Warren Buffett pagaram menos de 1% de imposto efetivo sobre o aumento real de suas fortunas.

No Brasil: Enquanto o trabalhador CLT paga até 27,5% de IR sobre o salário, lucros e dividendos são isentos para pessoas físicas — algo que beneficia diretamente os grandes empresários.

Além disso, heranças são tributadas em no máximo 8% (dependendo do estado), contra mais de 40% em países como os EUA.

Ou seja, não é que os bilionários burlam o sistema — o sistema foi feito para eles.


8- O dilema político: taxar quem cria riqueza?

Aqui entra o ponto sensível. Muita gente defende “taxar os bilionários” como solução para desigualdade e aumento de arrecadação. Mas, na prática, isso quase nunca dá certo.

Por quê? Porque o capital é móvel.

Se um país começa a tributar demais o patrimônio ou os ganhos de capital, o dinheiro simplesmente muda de endereço — vai para outro país com regras mais favoráveis.

Foi o que aconteceu na França, quando o governo tentou impor um “imposto sobre grandes fortunas”. Resultado, milhares de milionários e empresários deixaram o país, levando consigo bilhões em investimentos. Poucos anos depois, o imposto foi revogado.

A mesma coisa ocorre com empresas globais. Apple, Google, Amazon e Microsoft usam estruturas de holdings na Irlanda, Luxemburgo e Ilhas Cayman para reduzir impostos corporativos.Tudo legal. Tudo dentro das regras.


9- Então o que fazer?

A grande lição é que simplesmente aumentar impostos sobre bilionários não resolve o problema. O dinheiro é mais ágil que as leis.

A solução está em reformar a estrutura tributária, tornando-a:

  1. Mais equilibrada, reduzindo a dependência do imposto sobre consumo (que penaliza os pobres);

  2. Mais neutra, evitando brechas exageradas para rendas de capital;

  3. Mais transparente, reduzindo incentivos para esconder riqueza em estruturas opacas.

E, principalmente, em educação financeira e tributária. Porque enquanto a maioria não entende como o sistema funciona, quem entende continuará jogando em outro nível.


Conclusão: o jogo não é injusto — é complexo

Taxar bilionários parece uma ideia simples, mas o mundo financeiro é um xadrez, não um jogo de damas. Quem entende as regras, vence — e as regras não são ilegais, apenas sofisticadas.

Enquanto muitos enxergam “injustiça”, os bilionários enxergam planejamento. Enquanto uns perguntam “por que não taxar mais?”, outros perguntam “como estruturar melhor?”.

E no fim das contas, o que separa um e outro não é o quanto ganham, mas o quanto entendem sobre dinheiro.

Esta precisando de um consultor para planejar suas finanças e diminuir impostos de forma lega? Entre em contato abaixo com um especialista.


 
 

Posts recentes

Ver tudo
Por que Ações São um Investimento de Longo Prazo

Investir em ações é, sem dúvida, uma das formas mais inteligentes de construir riqueza no longo prazo. Mas também é uma das mais mal compreendidas. Muitos iniciam na Bolsa esperando retornos rápidos,

 
 
Cuidado para Não Pulverizar Seus Investimentos

Investir é uma das formas mais poderosas de fazer o dinheiro trabalhar a seu favor. Mas, quando o investidor tenta “abraçar o mundo” e espalha o dinheiro em todo tipo de aplicação sem um propósito cla

 
 
Como Calcular seu Retorno em Dólar

Introdução: o erro invisível da maioria dos investidores Você já parou para pensar se seus investimentos estão realmente rendendo bem — ou apenas acompanhando a desvalorização do real? Muitos brasilei

 
 

Mura Invest

  • TikTok
  • Youtube
  • Whatsapp
bottom of page