Por que Ações São um Investimento de Longo Prazo
- murainvest
- 20 de out.
- 5 min de leitura
Atualizado: 3 de nov.
Investir em ações é, sem dúvida, uma das formas mais inteligentes de construir riqueza no longo prazo. Mas também é uma das mais mal compreendidas. Muitos iniciam na Bolsa esperando retornos rápidos, acreditando que vão “ganhar na próxima alta”, mas acabam se frustrando quando o mercado oscila — e ele sempre oscila.
Neste artigo, quero te mostrar por que as ações devem ser vistas com uma mentalidade de longo prazo, e não como um atalho para a riqueza imediata. Vamos explorar os fundamentos econômicos, o comportamento dos preços, o papel dos juros e, principalmente, a psicologia do investidor que dá certo.

Entendendo o que é uma ação de verdade*
Antes de tudo, é preciso lembrar: ao comprar uma ação, você se torna sócio de uma empresa. Isso significa que o valor da sua ação depende do desempenho real do negócio — lucros, crescimento, estratégia, gestão e do ambiente econômico.
Quando você investe em Petrobras, Vale, Itaú, Ambev ou Weg, está investindo em empresas que geram receita, têm ativos, funcionários, dívidas e estratégias. O preço da ação é apenas o reflexo, no mercado, das expectativas sobre o futuro dessa empresa.
Mas expectativas mudam com o tempo. Lucros crescem devagar, mas o mercado pensa rápido. E é aí que nasce o ruído: no curto prazo, o preço reflete emoções; no longo prazo, ele reflete fundamentos.
O que acontece no curto prazo: o mercado é uma máquina de emoções
Benjamin Graham, mentor de Warren Buffett, dizia:
“No curto prazo, o mercado é uma máquina de votação. No longo prazo, é uma balança de pesagem.”
Traduzindo: no dia a dia, os preços das ações sobem e descem com base em opiniões, notícias, medo e ganância. Mas com o passar dos anos, o que prevalece são os resultados reais das empresas.
Veja alguns exemplos históricos:
Crise de 2008: o Ibovespa despencou mais de 40%. Quem vendeu no pânico, realizou prejuízo.
Cinco anos depois, o índice já havia recuperado e superado o patamar anterior.
Durante a pandemia de 2020, o mercado caiu 30% em poucas semanas — mas depois, em menos de um ano, já havia se recuperado totalmente.
Ou seja: o investidor que teve paciência foi recompensado, enquanto o impaciente cristalizou perdas.
O tempo é o maior aliado do investidor
Vamos colocar números na mesa.
Imagine que você invista R$ 500 por mês em ações (ou em um ETF como o BOVA11). Se a média de rentabilidade anual for de 10% ao ano, veja o que acontece:
Tempo de Investimento | Valor Investido | Valor Acumulado (10% a.a.) |
5 anos | R$ 30.000 | R$ 38.000 |
10 anos | R$ 60.000 | R$ 95.000 |
20 anos | R$ 120.000 | R$ 343.000 |
30 anos | R$ 180.000 | R$ 988.000 |
Conclusão: quem tem paciência transforma pequenas contribuições em patrimônio real. O tempo potencializa os juros compostos, e o reinvestimento de dividendos faz toda a diferença.
Dividendos: o poder silencioso do longo prazo
Um dos grandes segredos de quem investe em ações é o reinvestimento dos dividendos. Quando a empresa tem lucro, parte dele é distribuída aos acionistas. E se você reinveste esses dividendos comprando mais ações, entra no ciclo virtuoso do crescimento.
Veja o caso da Taesa (TAEE11), empresa do setor elétrico: Ela costuma pagar dividendos generosos todos os anos. Quem compra e mantém, reinvestindo tudo, aumenta o número de cotas e, consequentemente, o volume de dividendos futuros.
É como uma árvore: os dividendos são os frutos. Se você não corta a árvore cedo demais, ela vai frutificar cada vez mais.
O perigo da visão de curto prazo
Agora, o outro lado da moeda. Quem entra na Bolsa pensando em ganhar rápido, age como um especulador, não como um investidor.
E o problema é que ninguém prevê o curto prazo com precisão. Nem os maiores analistas, gestores ou fundos multimilionários conseguem prever o movimento do mercado de amanhã.
O resultado?
Pessoas compram na euforia (quando “todo mundo está ganhando”).
E vendem no pânico (quando “todo mundo está perdendo”).
Esse comportamento é o oposto do que gera riqueza. Estudos de comportamento financeiro mostram que o investidor médio, nos EUA, ganha menos do que o próprio mercado — simplesmente porque tenta “acertar o tempo” das entradas e saídas.
Renda variável (ações) não é para enriquecer rápido — é para enriquecer bem
A lógica é simples:
Tesouro Direto, CDB, renda fixa: oferecem estabilidade, mas crescimento limitado.
Ações: oferecem volatilidade, mas crescimento exponencial no longo prazo.
Quem busca independência financeira real, precisa aprender a conviver com a volatilidade — e até usá-la a seu favor, comprando boas empresas quando o mercado está em promoção.
Os ciclos de alta e baixa são inevitáveis. Mas quem mantém o foco no longo prazo atravessa crises com tranquilidade, porque entende que o valor de uma empresa não muda da noite para o dia.
O impacto da inflação e dos juros
Outro ponto crucial é o poder de destruição da inflação.Guardar dinheiro “embaixo do colchão” (ou na poupança) é praticamente garantir a perda de poder de compra.
Enquanto isso, as empresas repassam inflação nos preços e protegem seus lucros. Ou seja, quem é dono de ações — dono de empresas — tende a se proteger naturalmente da inflação.
Quando os juros estão altos, o mercado de ações sofre. Mas quando os juros caem, o fluxo de capital volta para a Bolsa e os preços sobem. Por isso, o investidor de longo prazo entende o ciclo econômico e mantém posição, mesmo quando o cenário parece desfavorável.
Casos reais: quem esperou, venceu
Vamos olhar alguns exemplos históricos (ajustados pela inflação):
Itaú (ITUB4): quem investiu R$ 10.000 no ano 2000 e manteve as ações até 2024, teria hoje mais de R$ 200.000 somando valorização e dividendos.
Weg (WEGE3): o mesmo investimento teria ultrapassado R$ 1 milhão.
Ambev (ABEV3): mesmo com volatilidade, o retorno supera a inflação e renda fixa no longo prazo.
Claro, nem toda empresa vira WEG — mas o ponto é que as boas empresas crescem com o tempo, e é justamente esse tempo que o investidor impaciente não deixa acontecer.
Mentalidade de sócio: o segredo da consistência
Investir em ações não é “apostar no gráfico”. É ser sócio de empresas produtivas, que geram valor para a economia e para os consumidores.
Adotar a mentalidade de sócio muda tudo:
Você passa a estudar negócios, não cotações.
Passa a pensar em décadas, não em semanas.
Passa a buscar crescimento, não emoção.
E essa mentalidade é o que separa os investidores comuns dos que realmente constroem patrimônio.
Como começar a investir com visão de longo prazo
Se você está começando agora, siga estes passos:
Monte sua reserva de emergência antes de tudo (renda fixa, liquidez diária).
Defina um valor mensal fixo para investir em ações ou ETFs.
Invista de forma recorrente — mesmo quando o mercado cai.
Reinvista dividendos.
Não acompanhe cotações todos os dias; acompanhe resultados trimestrais.
Tenha metas de longo prazo (5, 10, 20 anos).
E, se possível, conte com o acompanhamento de um consultor de investimentos. Um bom consultor te ajuda a montar carteira, balancear risco e, principalmente, manter a disciplina quando o emocional tenta te sabotar.
Conclusão
Ações não são uma aposta. São uma ferramenta poderosa de geração de riqueza, proteção contra a inflação e liberdade financeira — mas apenas para quem respeita o tempo.
O mercado recompensa a paciência, não a pressa. E a história mostra: quem planta com estratégia, colhe com abundância.
O segredo não está em “acertar o momento”, mas em permanecer investido tempo suficiente para o poder dos juros compostos e dos lucros trabalharem a seu favor.
Portanto, pense como dono. Invista com visão. E lembre-se: no curto prazo, o mercado é barulho. No longo prazo, é construção de patrimônio.
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